Prólogo

É noite, está escuro.

É possível enxergar.

Silenciosos, os ventos cessam

Transportam as coisas e as dores

Que eu não sinto mais

Transplantes, as plantas de tantos amores

Forjados sentidos sobre tantos senhores

Enquanto o sentimento de que as coisas são em vão distorce

A visão das luzes que se apagam

Me faz continuar

Alguns dizem que o céu é parte do universo

E que, de verso em verso, é possível distinguir

As coisas que sabem das coisas que caem

As coisas que crescem e as que se esvaem

Não consigo ver

Eles dizem que sim

Que, com todo seu poder,

Fazem o mundo

E eu duvido

Um traço físico da matéria

Estuda um traço físico da matéria

Entende, discute, defende, se integra

Escreve sobre si

Um amontoado de moléculas

Em Movimento Browniano

Quase todas chorando

Em profecias gloriosas

Meu nome vou gravar

Sacrifícios, meu peito entre espinhos

O sangue acumulado e a pele já saindo

As dores eu sinto num tom viscoso

Na tentativa de estancar

Perfura fundo os ossos

Fecha todos os meus poros

E eu nem consigo respirar

Leva alguns dos meus cabelos

Um pedaço da minha alma

E promete voltar

É noite

Se posso ver, já não duvido

Sobre o caminho das estrelas

Cruzá-lo-ei vivo.

Josué Alves
Enviado por Josué Alves em 17/11/2019
Código do texto: T6796994
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