A salvação que morava em mim

A salvação que morava em mim

Pairando sobre a bruma da vasta colcha da solidão,

Esperando que alguém salve-me dos furiosos e rancorosos que de amor não chora o coração,

Minha visão é tão assustadora, que voa sobre todos os sonhos que não sonhei,

Meu espírito anda sobre os espinhos e o horizonte se vai longe, pois da inspiração do amar um dia ceguei.

Sozinha, mas tantas pessoas ao redor caminhando como se a vida fosse um carrossel estrelado,

Sem olhar ou ter compaixão pelo semelhante que vive a vida de paz esfomeado,

Tanta maldade e sofrimento nos olhos dos pequeninos que amargam tão cedo o coração,

Não há amor, não há compaixão, só há na fala uma realidade de uma grande ilusão.

Nesse caminho estou eu, sozinha, camperando na escuridão das cinzas que não renascem,

Esperando uma mão para apertar e um abraço para enfim descansar,

Mas sou tão tola em pensar que uma outra alma que também sofre olharia pra meus olhos cansados,

Alguns usam máscaras e deixam os que realmente sofrem isolados.

Onde estás você? Anjo que me salvará das garras do desconhecido,

Onde estás você? Anjo que voará comigo aos portões celestiais e me fará ver novamente o poder do bem e o mal vencido,

Onde estás você? Anjo que sempre sonhei e que espero com o corpo ansioso por ti,

Onde está você? Anjo que até em meus sonhos do meu abraço fugiu.

Os anseios de minha alma são negados e voam ao longe para nunca voltarem,

Os pássaros que moram em minha boca nunca mais irão voar ou sequer cantar,

Tudo é tão cego, tão pecador, tão sombrio e enganador,

Será que depois de tanta dor e prantos, o coração ainda acredita num anjo salvador?

Mas ao longe, na névoa que cobre os verdes e as cores,

Vejo alguém vindo, tão cheia de luz, tão cheia de amores,

Uma luz tão pura e singela, tão linda e tão bela,

Eu que nunca pensei que palavras me faltariam,

Fiquei parada, encantada, sabendo que dessa vez mais um vez os céus cantariam.

Mas tinha algo diferente, não era o anjo dos meus sonhos, eu não podia reconhecer, tampouco ao menos saber,

Então pedi, Espírito, leva-me onde a dor e os sofrimentos não possam agarrar-me,

Onde a luz é infinita e a paz triunfará me meu coração que chora a tanto tempo.

Espírito, leva-me contigo, leva-me para a luz que canto e descanso,

Leva-me em seu amor e cura-me de todo o pecado e toda lástima que inundou meu coração,

Leva-me para onde os rios correm, as flores não morrem e a árvore não cai,

Então, de repente, levantei-me e voei, tão singela e tão pura, por finalmente descobrir que tudo que eu sonhava vivia ali em mim.

Maria Fernanda de Araújo Dantas
Enviado por Maria Fernanda de Araújo Dantas em 31/10/2019
Código do texto: T6783889
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