QUANDO O AMOR REINAR

Apesar...
Do início de outubro seco,
Do beco com saída,
Para a vida sofrida,
Desprovida de vida.

Apesar...
Das lacunas,
Dos vãos nas colunas,
Da base humana,
Desumanamente insana.

Apesar...
Das asas caídas,
Das mãos encolhidas,
Para as mãos estendidas,
À espera de um gesto – indigesto,
De misericórdia.

Apesar...
Do peso da bagagem,
Da longa viagem...
Nesse rio sem margem,
Que vai dar não sei aonde,
Talvez onde a paz se esconde.

Apesar...
Da luta – da fome absoluta,
Que invade as entranhas,
Uma “força estranha” – que não se acanha,
(Contra todos os senões),
Insiste em fazer morada,
Nos desabrigos dos corações.

Apesar de tudo...
O amor não está mudo,
Basta está atento,
Ao seu acalento,
basta acreditar;
E deixá-lo entrar.