A LÍNGUA PORTUGUESA

Se a Língua Portuguesa é tão bela,

Porque não dizer dela

Todas as letras?

Se é nossa flor primeira,

Porque não dizer a derradeira

E todas mais,

De todas as suas letras?

Comemos, em cada frase, um pouquinho,

Mas é justamente o pedacinho

Que faz falta ao sentido e som

Dela inteira.

Comendo um pouco a cada instante

Só damos importância

Ao hábito constante

De deixá-la sem ressonância...

Dizemos de “estar” só o final,

Como se o verbo fosse “tar”

De tal forma, que já faz par

Com o vulgo popular.

Não só escrever bem

O bem de nossa alma,

Mas falar corretamente,

Em som cristalino e puro.

Cada frase ficará faceira se dita inteira.

E se for drama, dramática.

Se for doce, doçuras,

Se for séria, austera.

Vez por outra faltam os erres,

Os esses, então, onde estão?

É tão bom ouvir os “tê-las”

Junto às suas “bilaquianas” estrelas!

Informar sonora e clara

A data do nosso encontro!

Quando disser verdades

Falar com valor e vontade!

Dizer um discurso com cada sílaba final

Até chegar à apoteose,

Inteligível, audível, explicada a palavra: triunfal!

Eu me sinto imortal,

Não por ter escrito obras impecáveis,

Originais e já impressas,

Mas por partilhar cabeças, cabeças,

Cabeças pensantes, falantes, bem humoradas,

Que rendem com certeza

Homenagens à Língua Portuguesa.

Gente bonita, original

Que me fizeram feliz

Num "Recanto" sem igual!

Que toda essa mocidade

Leve essa idéia salvadora

À família, aos amigos,

A toda a sociedade.

Pelo menos entre os que cultivam

O primor das letras façamos um trato,

Assim como uma homenagem:

Façamos ressoá-las como um sino,

A badalar sonoras rimas belas.

Digamos cada letra como um hino

Ou mesmo como uma prece.

Bela, exigente, melodiosa,

Rica, versátil, pomposa,

Ardilosa, singela e nobre.

A Língua Portuguesa agradece.

Rachel dos Santos Dias
Enviado por Rachel dos Santos Dias em 02/10/2007
Código do texto: T677522