Rosa-concreto

No quintal da velha casa de meus avós

Havia um canteiro de tantas flores e temperos

Cujos aromas embalavam os meus sonhos

pueris

Me perdia ali, em tantas aventuras e estórias

Cujas memórias agora me escapam tão distantes

De enredos que embalaram muitas tardes

primaveris

As lindas flores, os seus cheiros e perfumes

Davam tons luminosos àquela minha infância

Preenchiam de cor a vida tão precoce

em arco íris

Mas meu avô, no afã de guardar um carro

Pra suas pernas ajudar, sem fôlego por cigarro

Concretou o canteiro, e fez dos meus olhos

um chafariz

Tão pequenino, já experimentava as mazelas

Das necessidades sem fim das velhices da idade

E sentia falta das peraltices entre tantas plantas

e colibris

Eis que vendo a minha tristeza perdida sem fim

Minha avó, um doce, para casa uma mudinha trouxe

E numa brechinha de terra no chão ela fincou

sua raiz

Ali os meses se passaram, com minha esperança

Finalmente sendo recompensada no sorriso de criança

Uma bela rosa nasceu, e o quintal voltou a ter

matiz

Aquela flor era tão viva, e me passou uma lição

De perseverança, pois mesmo quando a vida diz não

Se houver uma brecha na rudeza do chão duro

cor de gris

Ainda há possibilidade de nascer, de crescer

De batalhar contra um mundo cinzento, rabugento

E acreditar, e a fé depositar por uma vida mais

feliz

Eudes de Pádua Colodino
Enviado por Eudes de Pádua Colodino em 10/10/2019
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