Rosa-concreto
No quintal da velha casa de meus avós
Havia um canteiro de tantas flores e temperos
Cujos aromas embalavam os meus sonhos
pueris
Me perdia ali, em tantas aventuras e estórias
Cujas memórias agora me escapam tão distantes
De enredos que embalaram muitas tardes
primaveris
As lindas flores, os seus cheiros e perfumes
Davam tons luminosos àquela minha infância
Preenchiam de cor a vida tão precoce
em arco íris
Mas meu avô, no afã de guardar um carro
Pra suas pernas ajudar, sem fôlego por cigarro
Concretou o canteiro, e fez dos meus olhos
um chafariz
Tão pequenino, já experimentava as mazelas
Das necessidades sem fim das velhices da idade
E sentia falta das peraltices entre tantas plantas
e colibris
Eis que vendo a minha tristeza perdida sem fim
Minha avó, um doce, para casa uma mudinha trouxe
E numa brechinha de terra no chão ela fincou
sua raiz
Ali os meses se passaram, com minha esperança
Finalmente sendo recompensada no sorriso de criança
Uma bela rosa nasceu, e o quintal voltou a ter
matiz
Aquela flor era tão viva, e me passou uma lição
De perseverança, pois mesmo quando a vida diz não
Se houver uma brecha na rudeza do chão duro
cor de gris
Ainda há possibilidade de nascer, de crescer
De batalhar contra um mundo cinzento, rabugento
E acreditar, e a fé depositar por uma vida mais
feliz