Alfa e ômega
Alfa e ômega
No exílio dos olhares apedrejados pela dor e pelo falar da escuridão,
Nas sonatas que não foram ouvidas e que das harpas do sofrimento fizeram escravidão,
Na cegueira que tudo vê e no avistamento que tudo nega,
Você me viu quando tudo era somente da vida uma morte cega.
Quando o mundo cantava a dor dos pequeninos e inocentes, quando do amor fizeram desfeita e tornaram-se apenas da luz carentes,
Na composição de espíritos que seguem o destino que não se destina a viver,
No mistério da revelação que nunca será vista ou ouvida por tímpanos mortais,
Você me viu ainda assim quando meus olhos eram apenas da lástima portais.
Quando o vento já não tocava a face e a água já não era límpida,
Quando o pequenino já não voava aos céus e a inocência foi corrompida,
Quando o passado era vergonha e o futuro do medo era incerto,
Você me viu ainda assim quando minhas mãos e pés ainda não eram libertos.
Das memórias que já se perderam e da luz que um dia foi criada ao universo, das estrelas que caíram e do sol que um dia morrerá,
Quando tu olhou-me na certeza da sua compaixão, nesse momento até a terra se um dia falecer de teu amor renascerá,
Tu avistou-me, mesmo quando era invisível, fez do meu passado meu princípio e do meu fim o recomeço,
Tu fizeste da minha morte o alfa e ômega, de tua alma a minha ao avesso.
-MARIA FERNANDA.