Alfa e ômega

Alfa e ômega

No exílio dos olhares apedrejados pela dor e pelo falar da escuridão,

Nas sonatas que não foram ouvidas e que das harpas do sofrimento fizeram escravidão,

Na cegueira que tudo vê e no avistamento que tudo nega,

Você me viu quando tudo era somente da vida uma morte cega.

Quando o mundo cantava a dor dos pequeninos e inocentes, quando do amor fizeram desfeita e tornaram-se apenas da luz carentes,

Na composição de espíritos que seguem o destino que não se destina a viver,

No mistério da revelação que nunca será vista ou ouvida por tímpanos mortais,

Você me viu ainda assim quando meus olhos eram apenas da lástima portais.

Quando o vento já não tocava a face e a água já não era límpida,

Quando o pequenino já não voava aos céus e a inocência foi corrompida,

Quando o passado era vergonha e o futuro do medo era incerto,

Você me viu ainda assim quando minhas mãos e pés ainda não eram libertos.

Das memórias que já se perderam e da luz que um dia foi criada ao universo, das estrelas que caíram e do sol que um dia morrerá,

Quando tu olhou-me na certeza da sua compaixão, nesse momento até a terra se um dia falecer de teu amor renascerá,

Tu avistou-me, mesmo quando era invisível, fez do meu passado meu princípio e do meu fim o recomeço,

Tu fizeste da minha morte o alfa e ômega, de tua alma a minha ao avesso.

-MARIA FERNANDA.

Maria Fernanda de Araújo Dantas
Enviado por Maria Fernanda de Araújo Dantas em 02/10/2019
Código do texto: T6759422
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.