A QUEDA DO MURO DA ILUSÃO
O muro estava muito alto,
Então ainda não podia ver
O que estava do outro lado.
A sua arquitetura parecia
Muito bem firmada
Tal como um castelo
Envolto por trevas de ilusões.
Quis subí-lo para saber
O que acontecia no oculto,
Mas ainda assim esperava
Por algum amparo
E uma ajuda para poder
Discernir o que se escondia de mim.
Pois essa máscara que usavas,
Empurrando a terrível verdade
Nos porões da dissimulação,
Escondia de fato algo assaz monstruoso.
Hoje sei, com muito pesar,
Que disfarçavas uma realidade
Tão feia e deformada,
De modo que fora quase impossível
De acreditar em algo tão desnorteador!
Infelizmente, não conseguia perceber
O que estava por trás
Dessa fachada espetacular
De doçura, inocência e beleza.
De repente, uma luz de verdade
Alumiou as trevas da minha ilusão
E as vendas dos meus olhos caíram
Para discernir o que era feito
Em meio as sombras de todo engano.
Hoje, enfim, eu posso ver
Toda a crueza da realidade
E o engano com a sua face
De remorso e de pavor
Rastejar como o espectro de uma serpente
Sobre esse chão sujo onde eu piso
Sem que eu precise olhar tão baixo
Para ver a tua agonia
De morte e de desolação.
Hoje, enfim, já nem preciso mais
Subir os altivos muros
Para ver o que existe do outro lado.
Simplesmente eu caminho nas ruínas
Dessa divisão que ruiu
Repentinamente,
Implacavelmente,
Definitivamente.
E agora uma luz de doce esperança
Vem para alumiar os horizontes
Dos meus mais belos sonhos
E o fluir de uma alegria
Vem renovar completamente
A minha vida enamorada pela verdade.