NEO
achei-os na imensidão daquela sala
sentados sós quietos e pendentes
amarelados e ausentes na fala
um olhar infinito sem distância
para dentro de uma tristeza rala
esperança que não podia esperar
pela ameaça de não poder estar
gente de todos os quadrantes
gordos magros brancos e negros
novos velhos jovens e sem idade
nivelados pelo mesmo estertor
corações flutuantes sem jangada
obras do infinito sem morada
apenas reféns da dor e do amor
tudo reduzido à imagem da cruz
sofrimento que nos transforme
no alimento para outras vidas
em seres que busquem a glória
e que aceitem o nó das partidas