PASSAR FRONTEIRAS
“Aos Maiorais do Mundo”
O gesto de passar fronteiras,
Sejam elas físicas ou humanas,
Favorece virtualidades cimeiras
E humaniza as mentes insanas.
Será sempre um gesto assumido
Que compete bem ponderar
Pois pode ser um percurso ido
Mas pode não se poder voltar.
Isto cabe em quem é famoso
E também em quem é discreto;
Em quem se faz de presunçoso
Ou em quem se faz circunspecto.
Este gesto é de assunto sério
Que resulta de mil emoções
Pois… paira sempre um mistério
Mascarado pelas intenções.
Todas as Fronteiras dividem
Largos e estranhos horizontes,
Todavia alguns até decidem
O estado da água das fontes.
Há águas calmas e águas turvas,
Nunca deixando de ser águas,
Há intenções rectas e há curvas
Em terrenos falsos ou fráguas.
Ninguém conhece o chão que pisa
Quando dele não tem notícia
Tanto s´ encontra o que se precisa
Como s´ encontra a vil malícia.
Ele há mais malícia que bem
Neste mundo agreste e estranho
E há imensa cegueira também
Quando s´ ambiciona ter ganho.
Todos fingem meios e virtude
Em tudo aquilo que s´ apregoa
Mas é frágil a humana saúde
Quando a voz do dinheiro soa.
Das fronteiras ninguém é dono,
E deste mundo também não,
Quem faz das fronteiras um trono
Ficará escravo da ilusão.
Fronteiras dividem mas não separam,
E sabem-no todos os Maiorais,
Mas seus interesses proliferam
Separando cada vez mais…
O seu sonho é sempre o Poder,
É sempre a riqueza e a vanglória,
Partilhar, porém, não s´ está a ver
Pois isso nos ensina a História.
As fronteiras são a diferença
Entre a Cultura e a Mentalidade
A vida dos povos marca a presença
De um Mundo justo com liberdade.
O Mundo, em si, tem maravilhas
E a concórdia é uma lei pertinaz:
Se os Maiorais fizessem partilhas
Acabaria a guerra, reinaria a Paz.
Já um ancestral Pensador disse
Num sentimento bem profundo:
“Eu não sou daqui, nem sou dali,
Sou apenas um cidadão do Mundo!”
Frassino Machado
In RODA-VIVA POESIA