Desabafo
Desabo e não me acho, ruiu a poesia
Virou uns cacos de mim, é noite, é dia
Perdeu a graça, nome, o riso que tinha
Pena escreve no papel, pobre avezinha
Não voa, não há graça no céu de julho
Eram apenas balões, agora, entulhos
As ruas andam cheias de almas vazias
Tristezas que sentir transforma, poesia
No tempo que passa, circula irritante
Não para, não volta atrás, e confiante
Entre um tic e um tac ri da vida tão só
Rirá do ruir do ser quando voltar ao pó.
Não seja tão cruel, não oferte esse fel
Quando é o mel que deveria distribuir
Vai, assopra as nuvens, mostra o céu
Pois, com a esperança pode contribuir.