FALANDO SOZINHO - POESIA INÉDITA
Ele mesmo se pergunta,
Ele mesmo que responde,
Mas o que é que ele se assunta,
Quem é quem e veio de onde?
Ele mesmo que duvida,
Ele mesmo que replica
O que foi o assunto na ida
E o que volta e o que fica?
Ele mesmo que se altera
Na estranheza da conversa,
Ele mesmo se pondera,
Mente louca ou controversa?
E fala num eu comigo
Como se fosse outra gente,
Consigo mesmo o amigo,
Se concordando ou descrente...
Dá pausa e vai esperando,
Depois resmunga e repete,
Mas com quem está falando?
Será que é só um cacoete?
E ele mesmo é o vizinho
Que elogia e se destrata,
Ó meu Deus, falar sozinho
É coisa boa ou ingrata?
Será que é um mal, tem cura?
Talvez na vida incerta
Deseja uma alma mais pura,
Que não seja tão deserta.
Será um bem da loucura
Que trova e versa consigo
Na imensidão da lonjura,
Tendo Jesus como amigo?
Pode ser só um aviso
Da solidão que se passa,
Ah, mas sofrer do juízo
Por vezes tem sua graça!
Eduardo Eugênio Batista
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