FALANDO SOZINHO - POESIA INÉDITA

Ele mesmo se pergunta,

Ele mesmo que responde,

Mas o que é que ele se assunta,

Quem é quem e veio de onde?

Ele mesmo que duvida,

Ele mesmo que replica

O que foi o assunto na ida

E o que volta e o que fica?

Ele mesmo que se altera

Na estranheza da conversa,

Ele mesmo se pondera,

Mente louca ou controversa?

E fala num eu comigo

Como se fosse outra gente,

Consigo mesmo o amigo,

Se concordando ou descrente...

Dá pausa e vai esperando,

Depois resmunga e repete,

Mas com quem está falando?

Será que é só um cacoete?

E ele mesmo é o vizinho

Que elogia e se destrata,

Ó meu Deus, falar sozinho

É coisa boa ou ingrata?

Será que é um mal, tem cura?

Talvez na vida incerta

Deseja uma alma mais pura,

Que não seja tão deserta.

Será um bem da loucura

Que trova e versa consigo

Na imensidão da lonjura,

Tendo Jesus como amigo?

Pode ser só um aviso

Da solidão que se passa,

Ah, mas sofrer do juízo

Por vezes tem sua graça!

Eduardo Eugênio Batista

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Setedados
Enviado por Setedados em 21/06/2019
Código do texto: T6678619
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