POEMAS FEITOS EM NÁCARES
I
Um poema concha :
Pois molusco em mundo duro;
Posto que me espiralizo
Em nácares, oxalás e valhas- me deuses,
Repleto de dós e sem lisonjas,
Cercado do mundo por um muro,
Apenas meu nada viralizo.
Se ouvido, ecoo os sons marítimos,
Característicos de minha farsa,
Faço-o aturdido e sem ritmo,
Cultura extraída em tomos de Barsa.
Semanas e semanas sempre mesmas,
Todas coisas como que escondidas.
Não derreto-me ao sal feito lesmas,
Mas como chata se faz a vida...
II
Rolo feito seixo,
O mar assim determina,
E assim me deixo
E a vida me ilumina.
Rolo pelos níveis de areia,
Ao sabor do som das vagas.
Nenhum dos fogos em mim se ateia,
Mas os grãos de areia ? Tudo o que sonhava !
O grão de areia não pedrinha no sapato,
Mas a chance de assenhorar-me de fatos
E, então, o conúbio de todas minhas células,
Dar ao mundo apenas minha pérola ...