POEMAS FEITOS EM NÁCARES

I

Um poema concha :

Pois molusco em mundo duro;

Posto que me espiralizo

Em nácares, oxalás e valhas- me deuses,

Repleto de dós e sem lisonjas,

Cercado do mundo por um muro,

Apenas meu nada viralizo.

Se ouvido, ecoo os sons marítimos,

Característicos de minha farsa,

Faço-o aturdido e sem ritmo,

Cultura extraída em tomos de Barsa.

Semanas e semanas sempre mesmas,

Todas coisas como que escondidas.

Não derreto-me ao sal feito lesmas,

Mas como chata se faz a vida...

II

Rolo feito seixo,

O mar assim determina,

E assim me deixo

E a vida me ilumina.

Rolo pelos níveis de areia,

Ao sabor do som das vagas.

Nenhum dos fogos em mim se ateia,

Mas os grãos de areia ? Tudo o que sonhava !

O grão de areia não pedrinha no sapato,

Mas a chance de assenhorar-me de fatos

E, então, o conúbio de todas minhas células,

Dar ao mundo apenas minha pérola ...

Camilo Jose de Lima Cabral
Enviado por Camilo Jose de Lima Cabral em 24/05/2019
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