“LIBERDADE AINDA QUE TARDIA”

“Libertas quae sera tamen” –

1984 (abertura política)

Meu tempo é a tarde

Que, em tempo, não se fez tarde,

Pelo contrário, está no tempo

Certo e preciso de viver a liberdade!

Livre para entender e saber

Como é bom, afinal, ser livre!

Poder falar do que sobeja a alma.

Lutar pela vida e viver!

Não perder tempo em não amar,

Em sofrer, em ter queixumes,

Em ter posse, em ter medo!

Livre para não me preocupar

Com a preocupação.

Não guardar mais nenhum segredo!

É meu tempo, meu espaço, meu quinhão.

Tudo é meu, sou minha, afinal.

Não mais grades e muros,

Lugares tristes e escuros,

Esperança em fase terminal!

Agora já posso dar o que quero,

Já posso me dar a quem quero

Posso falar o que penso

Sem medo ou perturbação!

Dar o dom da fala, o fruto da minha pena,

o meu olhar que perscruta.

Meus ouvidos que ouvem mais que o som.

Meu toque, minha intuição,

meu afago, meu coração.

Livre para viver, ir e vir.

Livre para morrer.

Para não ter medo de ser livre.

E poder, enfim, voar para o infinito

E não mais ficar na pedra da praia

Espalhando cinzas carpideiras pelos cabelos

A procurar seixos coloridos que não existem mais...

Silêncio... Eles estão livres...

Eles viraram estrelas...

Porque eu estou livre!

Rachel dos Santos Dias
Enviado por Rachel dos Santos Dias em 22/09/2007
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