Quem salvará as nossas escolas
Não escolhemos ser professor. Escolhemos ser poesia.
Há tempos que o tema educação se tornou fetiche conceitual, nunca se viu tantos “especialistas” no assunto, praticamente todos eles têm um diagnóstico pronto: “o problema da educação é...” o irônico é que com tantos diagnósticos prontos, o fato, é que a educação continua respirando com a ajuda de aparelhos, e nossas escolas vulneráveis a todo tipo de “aluno”.
Adoraria poder dar a oportunidade a todos estes “especialistas” de poder entrar numa sala de aula e sentir a maravilha que é ensinar para uns quarenta alunos com perspectivas de vida muitas vezes irrisórias, alguns com sonhos tímidos, outros com grandes perspectivas, medos medonhos e, pouquíssima disciplina.
Ser poesia é sentir o sacerdócio da docência pulsar o coração diariamente e, com isso, encontrar forças para encarar os desinteressados em nome daqueles que vêem em nós professores a esperança de ser “alguém na vida”.
Por que insistimos em ensinar? Porque sabemos que joio e trigo sempre estarão misturados e, não generalizamos. Acreditamos na educação, e insistimos nela porque somos poesia.
As injúrias são defeitos estéticos, não odiamos as palavras por isso. As frases de ódio são gafes da escrita, não deixamos de professar palavras de esperança por isso. Intimação, medo, ofensa, são apenas categorias, também existem as categorias: superação, coragem e amor.
Somos poesia. Sabemos que a frase feita pode ser refeita. Que a fissura em criticar é a lacuna que a vírgula permite para o poeta poetizar.
Quanto aos “especialistas”?
A vírgula se encarregará.
Somos poesia. O aparelho que mantém a escola viva.