Voar
Lentamente, meus passos desafiam
A longa trilha em direção ao alto
As nuvens escuras prenunciam a chuva
Que logo desabará
Meus braços exaustos ardem
Com o peso de tudo que carrego
Minhas asas, quietas, repousam
Sob o tecido que envolve
meu corpo
Minha carne já não tolera conter as vastas asas que sustento
A liberdade, como uma lâmina, rasga minha pele
O sangue escorre enquanto as asas
persistem em se abrir, enfrentando o vento
A trilha ainda prossegue penosa e íngreme
O frio implacável aflige meus pulmões
E as pedras,
meus pés a desbravar
A altitude ainda não se atinge completamente
As montanhas permanecem distantes
E minha visão embaçada vislumbra a esperança que reside lá no alto
Montanhas misteriosas e congeladas
Guardam segredos e atraem aventureiras voadoras
Suas asas fatigadas alcançam o cume
E o corpo, da altura,
Desce com graciosidade
O vento
Violento faz o corpo flutuar