APRENDER A ANDAR
Os primeiros passos
São desajustados:
Soltam-nos as mãos,
Tombamos no chão
desequilibrados.
Levantados somos
Por um ser maior,
Que grita "reaja!",
Que nos encoraja;
Está sempre ao redor.
Outra tentativa,
Novo desafio:
Pernas que se alternam,
Mas não se governam.
Queda no vazio.
Tal metro de chão
Poderoso e tenso,
Requer ambição,
Determinação:
Um esforço imenso!
E gira o ponteiro,
Nunca gira em vão.
O piso nos tenta
E nos alimenta
a sofreguidão.
Essa aglutinada
Força do pesar,
De tanto cair;
De tanto existir;
De tanto penar,
Cria em cada pé
A robustez tangente;
De repente, assim,
Passo a passo, enfim,
Seguimos em frente.