Poesia Pós Morte

Aqui nasce um novo texto,

Com um velho pretexto,

Pretendendo dizer,

Que poesia não é só lazer,

É fazer acontecer,

Poesia é rima interrogativa,

Te mantém na ativa,

É a chuva que cultiva,

Que inspira,

E pira,

Não existe poesia sem desgaste,

Revolução sem ultrage,

É a alma que diz "reage",

Ou então me parte,

Você se perde e é encontrado,

Por alguém inacabado,

Por um ciumento endiabrado,

Por alguém que quer ser amado,

Alguém que quer ser acabado,

Que quer ser enforcado,

Esquentado,

Esse alguém está mais perto que parece,

Mas que não se encontra e vem o estresse,

Que ele se merece,

Tenta e perde mas não perece,

É a mais grandiosa prece,

É um sobe e desce,

Mas sempre cresce,

Esse alguém perdido em poesia,

Coberto de benção e heresia,

Que por esse amado faria,

E tentaria,

Olhe no espelho e sorria,

A pessoa que você mais queria,

Só pode ser a sua própria essência,

Que te busca com clemência,

E a gente finge demência,

Quem mais pode te amar quem tu é,

Nada de tiro no pé,

Mas se perder acontece né?

Mas a gente se encontra seu mané,

Poesia é inspiração,

É ficar parado por ação,

Coisa que a carne não tem compreensão,

É a dor de uma omissão,

É o bater do coração,

Então irmão,

Siga a canção,

Com o entortar de cada frase,

Com ou sem crase,

É um sentimento único e singelo,

O mais sincero,

Sentimento qualquer,

Vindo de quem quer,

Quem cansou da mesmisse,

Lembrar da meninice,

João e Maria ou Alice,

A garra de um lince,

Mesmo que poesia possa acabar com tudo que deve ter fim,

Não pode ser o fim,

Mas ninguém voltou pra mim,

Ninguém conta um segredo precioso assim,

Não existe poesia pós mortalidade,

Por que é uma divina fatalidade,

E com sinceridade,

Podemos tentar a vontade,

Mas que chega, chega chegando,

Só de nascer já estamos acabando,

Nesse fio desfiando,

Mas sem desanimar,

Eu vou te contar,

Mesmo que a morte chegar,

Isso pode te esquentar,

Então tenho que falar,

Poesia é a vida em forma de verão,

É a mais quente estação,

Aquela que acendeia o coração,

De suar o corpo e chorar a alma,

É carregada de sentimento mesmo que seja a calma,

E acalma,

Mas não se mantém calada,

Não se mantém fechada,

É um refúgio, uma morada,

A Cidade Dourada,

Poesia é instrumento auxiliar,

Que te faz pra algum lugar chegar,

Te mostrar um lugar pra morar,

Uma caverna pra se refugiar,

Um motivo pra lutar,

Se acabar,

Acabar de se limitar,

Poesia não é só palavras rimando,

São duas almas se amando,

São pétalas desabrochando,

Dois ardores se queimando,

Duas vidas se acabando,

A vida se limitando,

E o limite é o desconhecido,

Desconhecido é mistério da morte,

Sorte que na morte não se vive duas mortes,

Não se encontra dois nortes,

Ninguém disse que morte é retrocesso,

É tudo tão em excesso,

Na verdade é o inverso,

A morte é onde a vida reinou,

Onde Deus te acolheu, te amou,

Parabéns, você triunfou,

A morte é tão boa que ninguém nunca voltou.

Corvo Cerúleo
Enviado por Corvo Cerúleo em 29/12/2018
Código do texto: T6538377
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