Esperança
O tempo está nublado lá fora.
Será que vai chover?
Bem possível, e não demora.
Tento manter aparente calma,
Não quero que percebam a alma amordaçada que geme dentro de mim.
Uma sombra negra que me envolve e devora.
Uma erva daninha que vem matando meu jardim.
Dentro dos meus olhos, já chove há bastante tempo.
Tudo cinza, tão triste, tão denso...
Se pudesses escutar, ouviria trovões ao invés do meu coração.
Uma dor tão doída, tão sentida, sem compaixão.
Percebo que a chuva não vem de fora, mas de dentro.
E se eu perseverasse um pouco, se eu resistisse um pouco, se eu tivesse mais tempo...?
Quem sabe ela regaria meu jardim.
Então, talvez eu voltasse a sorrir.
Talvez os trovões virassem gargalhadas,
E eu voltasse a sentir orgulho e não pena de mim.
Talvez a grama brote, eu colha flores, e nasçam frutos,
E o sol venha desamordaçar minh'alma.
Bem possível que eu abra uma fresta no meu peito,
E uma brisa calma invada esse profundo segredo,
Acariciando as cortinas e dando sinais,
Que já é hora de sonhar os sonhos que eu não sonhava mais.
Certamente, reconhecerei a alegria quando passar pela porta,
E será tamanha minha euforia.
Poderei ressuscitar esperanças quase mortas.
As sombras terão ido embora,
Não haverá mais vestígio daqueles dias.
O sol resplandecerá de dentro pra fora,
E se os olhos são as janelas da alma.
Verão que na casa voltou a ter vida