ALZHEIMER

Ele não sabia de nada

Pelo simples fato de esquecer

Mas na realidade

Sabia de tudo

Pelo simples fato de viver

A sua mente

Já estava descansando

Para a eternidade

Pois a vida presente

Não interessava mais

Que a realidade do porvir

Assim ele relembra

Que esquecer é uma virtude

Lá no ato da velhice abastada

Que não se explica aos normais

Que quer tudo para o presente século

Enquanto para ele não interessa mais

Que o ato da eternidade

Ele ainda vive neste mundo

Pela duração de sua matéria

Mas no ato do seu silêncio

Ele vê os detalhes da eternidade

Passando bem diante de seus olhos

Como vultos de ancoragem

E ele não fala nem demonstra

Só o seu espírito sabe pelo subconsciente

Assim ele relembra

Que esquecer é uma virtude

Dos que já vão morrer para a vida presente

E viver para a eternidade

Pois esquecer não é um mal

Como todos pensam

Mas é a virtude de um bem

Que prenuncia a experiência de ser

O que nunca foi

Virtuosamente ele relembra

Que esquecer é uma virtude superior

Para não padecer com os problemas aparentes

Desta vida insana e traquina

O seu corpo sofre

Só que ele não lembra mais

A virtude já transportou

A sua razão de lembrar

E tudo é passageiro, ligeiro

A sua experiência está posta em outro lugar