Alguém, talvez...

Ninguém na porta da casa, solidão tão nua

Varrendo a poeira das asas, calçada da rua

Olhar perdido no espaço, e a minguada lua

Passeia sem embaraço; e indiferente flutua

Vem o véu e lhe cobre e esconde esse olhar

Já não tenho medo dessa falta de me amar

O verbo é só mais um verso querendo judiar

Dessa alma revestida de verde do teu versar

Ninguém na sala de estar, solidão tão amiga

Convida para almoço, jantar; e quer que siga

Esse jeito de ser, permanecer; estática vida

Não se move ao amanhecer, poesia perdida.