Partida

A felicidade leva muito tempo

Nunca se sabe quando lá chegar

Às vezes nem como

A tristeza é imediata

E a única coisa que vem fácil

E pode para sempre durar

É a falta de felicidade

A nos felicitar

Vai dizer-nos "parabéns"

Pela fraqueza de espírito

Vai festejar na nossa cara

Nossas amarguras

Vai fazer de nós reféns

Das suas falcatruas

E deixar as almas nuas

De aceitar o bem

Com risos de desagrado

A alegria é forjada

O brilho escurido

De viver por mais um dia

Tudo vai continuar

Menos a vida

E ali cabe a nós

Reverter a partida

É o jogo dos sem(timentos)

Onde somos súbditos

Como peões briguentos

De deuses aborrecidos

Somos nós a jogar

Mas não fazemos nós o jogo

Até que propositadamente

Pomo-nos a perder

Construir os partidos

Nessa partida de complexidades

É depender de ninguém

Morrer a própria morte

Matar-se para viver

Aceitar os desafios

Não desafiar-se a tudo

Participar

Jogo de gangues e sangue

Onde os mijos lacrimejam

O suor não seca

A corrida não descansa

Usar as mãos

Os pés

A barriga alimentar

Dizer "não"

Também

O cérebro usar

Dizer "sim"

Talvez

Nem sempre é o mais certo

O jogo é violento

Morre-se

Em cada movimento.

Widralino
Enviado por Widralino em 08/08/2018
Código do texto: T6412725
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.