RETIRANTE DO SERTÃO

RETIRANTE DO SERTÃO - João Nunes Ventura-06/2018

Trago meus olhos cansados

No rosto a marca do tempo,

No meu corpo suor salgado

Cabelos brancos ao vento.

Por lugares até onde andei

O meu espaço eu ocupava,

E eu não sou santo nem rei

Já não tenho quem amava.

Agora você não me fascina

Assim com toda sua beleza,

E eu procuro um novo clima

Com os aromas da natureza.

O meu horizonte é o destino

Meu jardim minha liberdade,

E o endereço do meu ninho

É o canto da minha cidade.

Quem me guia é a esperança

Meu desejo é quem me leva,

Vou nos passos da andança

Seguindo a comprida légua.

Da colheita eu me alimento

Que a natureza logo me fez,

No sol do meu pensamento

E eu sou criança outra vez.

Vejo sombras que choram

E ventos que logo cantam,

Eu não tenho sonhos agora

E vícios que me espantam.

Agora assim em meu soluço

Corpo e alma na imensidão,

E o destino que me debruço

É ser um retirante do sertão.

João Nunes Ventura
Enviado por João Nunes Ventura em 10/06/2018
Reeditado em 12/06/2018
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