BATISTA CEPELOS VOLTOU... 17h35min.

SONETOS

Eu fui pedir à Natureza, um dia,

Que me desse um consolo a tantas dores;

Desalentado e triste, pressenti-a

Cansado e triste como os sofredores.

Encaminhei-me à porta da Agonia,

Corroído por chagas interiores,

Buscando a morte que me aparecia

Como o termo anelado aos dissabores,

Desvendando esse trágico segredo

Que a alma decifra, pávida de medo,

Com a ansiedade e temores das galés...

Mas há! Que atroz remorso me persegue!

Choro, soluço, clamo e ele me segue

Nesse abismo que se abre ante os meus pés.

II

Ninguém ouve na Terra este lamento

Da minha dor imensa, incompreendida,

Nas pavorosas trevas desta vida

Em que eu julgava achar o Esquecimento.

Tenebrosa, essa noite indefinida,

Cheia de tempestade e sofrimento,

No país de Pavor e de Tormento,

Onde chora minhalma enceguecida.

Onde o não ser, a paz calma e serena,

Que me traria o bálsamo a esta pena

Interminável, rude, dolorosa?

Ninguém! Uma só voz não me responde!

Sinto somente a treva que me esconde

Na vastidão da noite tormentosa...

III

Sirva-vos de escarmento a dor que trago

Na minhalma infeliz e sofredora,

Este padecimento com que pago

O desvio da estrada salvadora...

Aqui somente ampara-me esse vago

Pressentimento de uma nova aurora,

Quando terei os bens, o brado afago

Da Luz, que está na dor depuradora.

Agora, sim! Depois de tantos anos

De tormento, em meio aos desenganos,

Espero o sol de novas alvoradas

De existência de pranto e de miséria,

Para beber no cálix da matéria

As essências das dores renegadas!

FEB

BATISTA CEPELOS

“Poeta paulista, desencarnou no Rio de Janeiro, em 1915, atribuído-se a suicídio o encontro de seu corpo entre as pedras de uma rocha, na rua Pedro Américo. Esta versão parece confirmar-se agora nestes sonetos. Olavo Bilac, ao prefaciar-lhe Os Bandeirantes, exalta-lhe o estro espontâneo, original e simples.”

Palavras nossas.

Este é mais um poeta que voltou através mediunidade de Francisco Cândido Xavier, neste memorável livro: Parnaso de Além Túmulo, aliás, se constitui no primeiro livro deste médium, quando na época tinha tão somente 22 anos; (1.932) Também interessante salientar, que este poeta, Batista Cepelos, 17 anos após a sua morte, “reaparece” pela mediunidade de Chico Xavier, com estes sonetos de grande teor de espiritualidade... “Provando” que não há penas eternas, pois se Deus é um Pai de Magnânima Justiça é também de inesgotável Amor... 18h27min.

Curitiba, 02 de maio de 2018- Reflexões do Cotidiano – Saul

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Walmor Zimerman
Enviado por Walmor Zimerman em 02/06/2018
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