Apressados
É tanta pressa para viver
Que morremos mais cedo
Como caducos pioneiros
Sem chegar à idade da razão
Acreditar é um desgaste
Quantas vidas se perdem
À espera que o amor leia as cartas
Jamais enviadas?
Quem muito espera ser notado
Acaba invisível
Tal como o orgulho nos impede
De ver os erros pessoais
E nesta ostentação da razão
Esquecemo-nos da imperfeição
De que os buracos existem
É a vaidade da auto-destruição
Quão enfraquecedor é um pesadelo!
Quantas vezes nos recusamos a dormir
Querendo que as coisas se materializem
Que os sonhos aconteçam?
E de repente nada muda
A mudança não é nossa irmã
Já não sabemos quem nos pode puxar
Quem nos pode empurrar
Lutas vãs por glória
Desprezando o necessário
Remamos contra a maré
Com os braços cruzados
Ou as barreiras existem
Ou a persistência também
Não basta ser guerrilheiro
É preciso saber
Querer cair é uma constante
Sinto-o sempre
Quando a vida continua
E viver é hoje.