Penúria
"Ninguém põe remendo de pano novo em vestido velho"
-Jesus. (Mateus, 9:16)
Cisne negro que voa em meus pensamentos.
Em ti há dor, luxúria e sofrimento.
Por que fugiste de ti mesmo e te escondeste nesta cova vazia?
Acorda, perto de ti já raiou a luz do dia!
Andarilho perdido que busca desforra,
enfadado de tudo, de toda a forma.
Defunto sem rumo que anda a esmo,
cansado da vida e de si mesmo.
Acorda para a manhã que floresce em ti!
Esquece o velho, põe-te a sorrir!
Deixa que a tua alma se acalme para que tu possas em paz dormir.
Brincas de Deus em teus delírios infantis...
Aprisiona-te, narcisista, em teus sonhos sem verniz.
Troca tua penugem pelas asas brancas dos eleitos.
Para de respirar este ar rarefeito,
ele sufoca teu peito.
Voa livre!
Como as garças delicadas e francas,
troca os tormentos pelas bem-aventuranças...
Redescobre-te!
Ao teu dispor já estão as incontroversas asas brancas.