SUBLIME AMOR

SUBLIME AMOR

Deixa-a a dormir. Ó vaga noite sombria

Não perturbes o seu mavioso sossego

Deixa-a que punge o dissabor, a melancolia

E que pegue a doçura do amor que carrego

Já sonhar que tão vão lhes sossegues

Porque perturbar um sono tão singelo?

Pois não há amor que seus lábios o negue

Os beijos meus tão doces, tão belos!

Ah! Se ao menos pudesse beija-la

De verdade, não em pensamentos ou sonhos

Ah! Se ao menos eu pudesse amá-la

Tiraria estes meus penares tão tristonhos.

Mas tudo ao contrário acontece comigo

Por mais que eu lute, mais eu sou derrotado

Pois preciso dos seus lábios e de seu abrigo

Para sentir-me um homem de amor afagado.

Por mais que eu tente, de tudo, esquece-la

Mais o meu pensamento em ti continua

Pois pra mim você estás entre milhares de estrelas

Ou entre um pedaço das vagas luas...

Tentar esquece-la jamais conseguirei

Pois o amor que possuo é tão grande

Que ninguém, neste mundo, poderá ter

E este amor em meu pensamento expande

Como a água que foge da fonte sem a ver

E tão longe que foi não conseguirá mais voltar

Pois não sabe o caminho por onde andou

E por tanto amor que amaste e por terra deixou...

E eu? Aos teus olhos o que sou?

Uma vaga ilusão e um obscuro traste

Que por ódio, no sonho, mataste?

Por mais que me odeias e não me queiras

Serei para ti um mero e simples servo

Pois és, para mim, a rainha entre as mulheres

Pela qual, o meu amor, ate hoje conservo.

Não sei mais por ti odiar e nem desabafar

Pois, mais traria, em mim, amor e tédio.

E por mais que eu tente fugir e me curar

Mais beberei do teu mortífero veneno

Que não há no mundo um remédio

Que me tire este seu sorriso ameno

Como as nuvens a pairar no horizonte

Como a água que percorre bem longe da fonte

Como o homem que tenta tirar esta dor

Para a busca desta musa. O seu sublime amor...

(Feito 1974)