Subida
Vejo ao fundo, vejo ao longe, no cenário do horizonte, tal que nunca vi tão bela, rodeada de janelas, que me mostram para todos. Com tuas curvas estonteantes , que a mim, só cabe amar, e com igual semblante, que poemas jamais vão mostrar. Que lástima tua perda! Por todos que em ti passaram, mas de ti não levaram o lume. Lume esse que pode ser tão belo quanto o sol que te ilumina e, ao mesmo, tão soturno quanto um quarto em trevas, fechado. Oh! Subida, como posso amar-te assim? Sei, que como todas, tu tens fim, que ao arfar, alcançarei um dia a parte plana sobre ti. Mas, subida, como homem de fidalgo garbo, não me contento em passar, como fazem os vulgos. Quero que meu percurso seja lembrado por todos. Que no zéfiro se ouça meu nome e que a beleza dos álamos faça lembrar a minha. Marcarei, subida minha, esta impávida estada em ti oirando cada passo que me ergue. Assim, quando ao bálsamo me entregar, poderei de longe olhar e, com orgulho, a todos bradarei:
—Essa foi minha subida!