Ainda me Habita uma Criança

Ainda me habita uma criança

De algum modo

ainda uma criança me habita.

Dentro de um sorriso

que não esconde o coração,

Num gesto simples

de carícia sem intensão,

Naquele trocar

de afeto que não pede,

somente dá porque tem de sobra.

Aquela menina

que acreditava nas pessoas

foi molestada pela indiferença

de tantos sorrisos falsos,

palavras sem som

que ecoaram sem trazer nada

ao coração...

Abraços que buscaram amparo

de colo de mãe

em dias de tormenta,

quando a alma se agitava,

querendo fugir...

Em mim ainda existe aquela criança

que acredita que

a pureza da idoneidade

serve pra trazer de volta

a simplicidade que permite

ser mais que ter.

Crê que a mentira existe

pra dar vida aos monstros,

mas que eles só vivem

na imaginação de gente ruim,

dentro de estórias

pra dar medo ao dormir.

Serei eu a única

a acreditar na palavra?

Sou a última criança

desse mundo doído

que fede

a tantas crianças mortas de sede,

sede de amor,

sede de calor humano,

De sinceridade,

de abraço de quem é transparente,

como quem traz o coração na boca,

sem mentira ou julgamento,

com pressa de ser melhor que ontem.

Meu mundo é utópico porque acredito demais...

Feito criança que não vê Papai Noel

no próprio pai,

mesmo que seus dedos

sejam iguais...

Sou assim e não desejo mudar,

mesmo que sofra

as decepções das descobertas.

Não matarei a minha criança!

Não direi à ela

que o mundo é uma farsa,

porque mesmo que doa,

saberei que minha criança interior

tentará brincar durante a vida,

enquanto os adultos

fingem que crescem...

Neide Barth
Enviado por Neide Barth em 21/03/2018
Código do texto: T6286620
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.