Escapismo

Não há asas, só palavras ao vento...

Não há sonhos, só temporal, tormento,

A matéria é um rio turbulento, ruidoso;

Passando, devastando, nada cuidadoso.

E entre os raios de verbos deselegantes...

Salivas que caem grossas, até, cortantes;

Invisível caindo feito uma luva no inverno,

Como se dissipasse a dor do que era terno.

Um desamor, desatento, desalento, dissabor,

Um sofrimento, um descolorir de toda a cor;

Invisibilidade, e a matéria voando sem asas,

Ser liberto, pousa no galho, volta pra casa...

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