Insone
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Insone
A madrugada desperta
meus mais primitivos instintos.
A lua atrai a gravidade
dos meus desejos - Sinto.
E meus seios, desafiadores,
gritam, soltos no espaço,
apontando para o firmamento.
A cama me seduz
- Pena não estar
a dois agora. Falta você.
A minha pele tece possibilidades...
Por que seus lábios não estão aqui?
A minha mente pensa obscenidades
- Abri o botão da camisa.
Lá fora,
sei que há sussurros e arranhões.
A madrugada tem vida própria
nos bancos dos carros com fumê.
Mãos ferem peles e sangram,
ao serem penetradas.
Cá dentro de mim, entretanto,
mãos tocam meu corpo.
Acariciam meu tecido solitário,
que deseja ausências.
Dormirei, por certo...
Não sem antes celebrar,
por caprichos da solidão,
o prazer que o monólogo
das minhas intenções
causou
na ilusão dos meus dedos.
Senti o frio da noite.
Abotoei os botões da camisa.
Adormeci.
Nijair Araújo Pinto
Crato CE, 21 de janeiro de 2018.
01h40min
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