Esperança
Insensíveis dizem, do chão não passa.
Mas, como eh triste ver que o poder escassa.
Pois sabemos como eh duro.
Sentir frio e tatear no escuro.
É uma angústia profunda dentro do peito.
Um nó no coração, um aperto.
A dor fica na mente gravada.
E não se consegue ânimo pra nada.
Os sonhos todos viram pó.
Mergulhado, no pescoço uma mó.
Do fundo olho pro alto do poço.
Sem escada nem corda que tire desse sufoco.
As vistas devagar se escurecem.
Nem mesmo ar os pulmões recebem.
Quando a morte sutil se avizinha.
Agarro desesperado ao fio da vida minha.
Mas esta, bem fraca, arrebenta.
Pois não há você, que a ela sustenta.
Parece que darei meu último suspiro.
Pois é com dificuldade que respiro.
Mas algo acontece de repente.
Sinto que a primavera nasceu novamente.
Te vejo ao longe formosa.
Vem de mansinho ao meu encontro, glosiosa.
Abre com cordialidade seus braços.
E muda no meu rosto todos os traços.
Com força então você me abraça.
Me sinto livre como as pombas da praça.
Meus pulmões se enchem de ar.
Retorna em mim o brilho no olhar.
Nunca mais te deixarei escapar.
Pois com toda minha força irei te agarrar.
Quando se cai, só resta subir.
Não há o de pé que não possa cair.
Pois aprendo como criança.
Firme ao seu lado, amiga, esperança.