Horizonte...
Havia apenas o mar...
Um azul perpétuo e convidativo, um lar...
Senti arder no peito um batimento suave,
delicado, cheio de desistência e descrença.
Vislumbrei aquela dor muda,
presa ao olhar,
e li a alma por trás daquelas paredes.
Eu apenas te vi...
Vi o horizonte além
e desejei rouba - lo pra mim.
Desejei ser as cores que moravam ali,
no mormaço morno ao fim da tarde,
a brisa ligeira e gentil que tocava sua pele macia.
Almejei ser o teu ar e invadir seus pulmões.
Correr leve dentro do peito
deixando o coração bombear - me até sua mente
e ali fazer minha morada.
Eu te vi...
Te achei em meio ao meu nada
e como erva daninha te assisti crescer sem querer lhe podar.
Cultivei teus pequenos detalhes, defeitos e manias
Observei cada passo teu e esperei...
Esperei pela luz em teu olhar vítreo,
a canção dos lábios há tempos, sisudos.
Recriei - te perfeito á mim.
Como gota de Orvalho na manhã preguiçosa.
Como chuva bem faceja que molha o rosto.
Como a linda estrela maior em Virgo.
Recriei - te perfeito á mim, em enganos e mazelas.
Olhei - te à mim...
Olhei - me a ti...
Tracei a rota e cá está meu horizonte, diante de mim.
O que terei eu a temer?