Eram bem poucos.
Ele saiu de casa
Bem antes que o Sol nascesse
Num intenso afã por conhecer a vida
Pois queria vivê-la toda e à toda
Bem depressa
Qual fosse o último dia
Era assim todo dia
Até que um dia percebeu
Que o mais bonito, em toda vida
Era ter a sabedoria
de enxergar beleza
Em coisas que a maioria
Assim, igual a ele, não via
Aprendeu a importância
de esquivar-se
Dos olhos da espreita
E que a mentira e a verdade
Às vezes vêm de mãos dadas
Teve o cuidado
De não passar por sob escadas
E que tudo pode ser nada
Numa questão de segundo
Descobriu valor
Que pode ter um tostão
E a falta absoluta de teor
Que pode haver em Um Milhão
Pois o bem e o mal
São questões
Pura e simplesmente variáveis;
Depende sempre
Da hora e lugar
Que se está, quando olha
Agora sabe
Que não há como explicar
Um dia, a chuva vêm
E sem ligar pra ninguém
A chuva molha
Pois, talvez por falta de escolha
Um dia todo Mundo
Acaba enxergando
Aquilo que todos olhavam
Mas eram poucos
Aqueles que viam.
Edson Ricardo Paiva.