MEIA NOITE
Deu meia noite
E o galo já cantou
De joelhos irei orar
Ao Deus que me salvou
Não sei quem me deu esse direito
De me sentir dono da vida
Fazer falecer inocentes em seu leito
E incentivar a carnificina
Pedir perdão e não perdoar
Pequei por favor entenda
Assim como fechei meus olhos
E abri essa fenda
Mas depois descobri que o mundo e feito pelas almas
Mas sempre julguei que o valor ia do branco ao preto
Perdendo sucessivamente sua humanidade
Sem ver perdendo minha dignidade
Quando me mostraram uma podridão
Maldade e egoísmo que se degenerava
Repeli com tanto nojo, mas então descobri
Que era meu interior que se espelhava
Enquanto me animava quando descobri
Que os negros após chicotadas
Sua carne mostrava
Com gritos e gemidos de agonia
Sempre me vi inocente
Mesmo com aqueles gemidos que tremiam os dentes
Humilhações e abusos
O que pensava ser normal, hoje vejo que absurdo!
Verem esses anjos como objetos
Sendo trocado a base de moedas
Vidas perdidas!
Que ninguém entendia
Gentilezas com elas não eram praticadas
Mas suas falhas sempre castigadas
Mesmo com toda submissão ou amor
Eram restituídos com dor
Negras eram usadas como animais pelos seus senhores
E posteriormente vendidos os pequenos sofredores
Com o mesmo sangue na veia
Mas sem nenhum laço como os grãos de areia
Palavras nunca irão expressar
O que em meu coração está a passar
Isso não é nem um pouco minha total confissão
Mas aquele Deus me deu seu perdão