MEIA NOITE

Deu meia noite

E o galo já cantou

De joelhos irei orar

Ao Deus que me salvou

Não sei quem me deu esse direito

De me sentir dono da vida

Fazer falecer inocentes em seu leito

E incentivar a carnificina

Pedir perdão e não perdoar

Pequei por favor entenda

Assim como fechei meus olhos

E abri essa fenda

Mas depois descobri que o mundo e feito pelas almas

Mas sempre julguei que o valor ia do branco ao preto

Perdendo sucessivamente sua humanidade

Sem ver perdendo minha dignidade

Quando me mostraram uma podridão

Maldade e egoísmo que se degenerava

Repeli com tanto nojo, mas então descobri

Que era meu interior que se espelhava

Enquanto me animava quando descobri

Que os negros após chicotadas

Sua carne mostrava

Com gritos e gemidos de agonia

Sempre me vi inocente

Mesmo com aqueles gemidos que tremiam os dentes

Humilhações e abusos

O que pensava ser normal, hoje vejo que absurdo!

Verem esses anjos como objetos

Sendo trocado a base de moedas

Vidas perdidas!

Que ninguém entendia

Gentilezas com elas não eram praticadas

Mas suas falhas sempre castigadas

Mesmo com toda submissão ou amor

Eram restituídos com dor

Negras eram usadas como animais pelos seus senhores

E posteriormente vendidos os pequenos sofredores

Com o mesmo sangue na veia

Mas sem nenhum laço como os grãos de areia

Palavras nunca irão expressar

O que em meu coração está a passar

Isso não é nem um pouco minha total confissão

Mas aquele Deus me deu seu perdão

Guilherme Henrique (Henry)
Enviado por Guilherme Henrique (Henry) em 02/09/2017
Reeditado em 02/09/2017
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