Papel almaço

Passo, papel almaço amasso

O pão, e a poesia dou forma

Te perco, imensidão, te acho

Passar, caminhar, eis a norma

Traço, pequeno espaço, escasso

Letras não se juntam, não unem

Não bebo, não fumo, não masco

E que as palavras não murmurem

Não ruminem, e não se afunilem

Mas, desfilem livres, leves, soltas

E na tua face, teus olhos brilhem

Que a última palavra dê meia volta

Não seja a derradeira rima, exprima

Esprema, expresse, não cobro ideia

É água doce, que verte de tua veia

E com a tua bela alma mais combina.