Acalanto à Mãe Terra

Desliza da boca de tua alma a nascente das águas mais puras.
Premia os aventureiros que amam-te com dedicação com o doce e dourado mel.
Sob a crosta de tua epiderme estáo solo fértil que permite eclodirem as sementes.
Tua vida é integral dedicação, não pedes para ti senão o afeto daqueles que quer como filhos.
Grande cordilheira que adorna a visão do horizonte com o teu corpo maternal.
Velha e sábia amiga que já compartilhou com teus prediletos os segredos da eternidade.
Prisioneira feliz de tua estável maternidade, guarda em teu ventre todos predicados de mãe.
Ser inerte aos olhos enceguecidos, bela e viva expressão aos olhos despertos para o espírito.
Confraterniza com teu relevo de traço do arquiteto divino com a construção do cotidiano humano.
Esconde em tua concreta imagem a subjetividade da imaginação que transforma filosofia em poesia.
Com teu imenso corpo comunga com a eternidade, sobrevive ao desmantelar das sociedades.
Não chores pelas brutalidades que o confronto dos instintos humanos a fizeram presenciar.
Não te lamentes, não te culpes por sentir que destroem-se, mesmo sendo filhos de teu único barro.
Acalma-te com a serenidade que somente os verdadeiramente pacíficos conseguem ter.
Não machuques teu coração que embora pareça de pedra é sensível centro de doação de amor.
Não percas tua sagrada e ingênua juventude, não abandones tuas esperanças pelos absurdos que vês.
Não depende de ti o destino que escolheram, são blocos de carne com seus corações petrificados.
São estúpidos por não reconhecerem a beleza de tua alma, explorando sem piedade tuas riquezas minerais.
São amargas criaturas, escravas das quinquilharias, vítimas de suas desmedidas ambições.
São tolos que julgam sua mediocridade como genialidade, são insensíveis aos apelos da eternidade.
Não sabem sonhar o bem comum, mas apenas querer a vantagem individual, predadores da natureza.
Iludidos ,preferem as mentiras bem estruturadas, as conveniências momentâneas, às singelas verdades.
Não te preocupes com eles, faz de teu saber rédeas para teu meigo e terno coração.
São irresponsáveis e ignorantes semeadores de agruras, supõem dominar o livre arbítrio.
Desconhecem que a semeadura é livre, mas que a colheita é sempre obrigatória.
Escravos de sua descontrolada avidez, não percebem que lutam por futuras peças de algum museu.
Na sua insanidade de tudo possuir, não conseguem ver que colocam tudo a perder,
Pois hão de descobrir que o que tomam pela força há de ser deles despojado no amanhã.
Zombam das “coisas” divinas como se estas para existir necessitassem das suas parcas fés.
Creem libertos do pecado pela aquisição das bênçãos do dogmatismo arcaico das religiões.
São ínfimos que na sua superlativa megalomania julgam-se poderosos e titânicos gigantes.
Mais uma vez te digo, não chores, sei que não consegues ser indiferente ao sofrer alheio.
Porém, saiba que podes dormir o sono dos justos e das mães prestimosas.
Descansa e deixa de teu sagrado ventre saírem as abençoadas águas que hão de saciar os sedentos.
Guarda com teu zelo tuas sagradas nascentes, tesouro do Criador, que hão de minar de tuas cicatrizes.
Não morras nunca, pois de teus sentimentos de densa fertilidade um dia dependeremos.
Mantenha-te como a leal guardiã destas belicosas e primitivas tribos tecnológicas.
Saiba do valor de tua boa semeadura, crê na tua colheita futura de felicidade.
A verdade há de despertar o ignorante e este como filho pródigo há de voltar para beijar teu solo.
Por isto fica em teu silêncio com teus ouvidos atentos para escutar o choro dos sonhadores.
Estes já são como que teus filhos a esperar o teu consolo maternal de esperança na luta pela paz.
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 05/08/2017
Código do texto: T6075364
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