TEMPOS DE PROVAÇÕES
 
Cega-me vida
Para não ver as feridas
Que resultam em lágrimas deixadas na estrada
Que escorrem para valas das gotas roubadas
Que alimentam a quem nos seca vida.
 
Arrasta-me dia
Pois não me chega luz
Do que deveria chegar
Roubam-me até este momento
De ver o tempo
Passar.                                                          
 
Desgoste-me, pois não me gosto
Afastado das sombras queima-me fardo
Sem pelo menos refletir no sol minha dor
Num grito simples ratificar horror
Quando me tiram o solo.
 
Se assim não choro
Que minhas lágrimas não alimentem o solo
Onde pegadas são roubadas
Na luz do dia
Calem-se feridas.