Do jeito que vemos.
Quando a gente olha pra vida
Com olhos de amor
Enxerga uma coisa lírica
Onírica, mágica e linda
Poética, mecânica, estética perfeita
Refeita a visão do eremita
Existe o tempo triste
Entra em pânico
Quando a beleza se dissipa
Perante o egoísmo do mundo.
E se a gente procura buscar
Só a ótica da esperança
Firmando aliança com a fé
Finca os pés num lugar melhor
E acredita em tudo e em todos
Vivendo a ilusão
Fadada ao engodo
Pois logo isso passa
Dissipa igualzinho à fumaça.
Se olha o mundo
Com ódio e desconfiança
Buscando alcançar somente
O que venha somar
Sempre um pouco mais
Fica doente por dentro
Sem paz,
Infeliz e incoerente
Sozinho ou talvez
Em companhia de outros
Que sejam iguais a gente.
E se todos conseguíssemos
Buscar ter a mesma visão
da criança que um dia fomos
E, quem sabe,sejamos ainda
Talvez enxerguemos
O Mundo e todo mundo
Sob o prisma da realidade
Pois a vida jamais foi linda
Impossível fugir à dor
Pois, quando em criança, também doía
Mas a gente não perdia a esperança
No dia que raiava
Acreditava no amor
Sem ódio, rancor, desconfiança em demasia
Prudentes como serpentes
Simples corações de pombos
Sempre se reerguendo
E rindo dos próprios tombos
A vida não é só amor
Ou glória, vitória ou cinismo
Olhemos pra ela do jeito que é
Tendo fé nos seus defeitos
E talvez a gente consiga
Fugir um pouco mais das brigas
Aceitar as coisas
Do jeito que elas são
Tristes, felizes e confusas
Perfeitas na imperfeição
Tudo depende somente
da lente que a gente usa.
Edson Ricardo Paiva.