CALEIDOSCÓPIO

Entre os reflexos de um caleidoscópio, nos fantasiamos de aquarela,

Para que a catatonia esteja disfarçada, visando confundir entre miragens e oásis,

Em austeras prisões que se montam feito labirintos, que ora sufocam e ora parece proteção,

Mas no anoitecer da alma as respirações se levantam feito vendavais.

As cicatrizes daqueles que adormeceram em seus infernos,

E com o último suspiro giraram a roda dos sonhos,

Para que ao suportar as noites,

Pudessem despertar em paraísos.

Ao fim, deitaremos entre os lençóis e cobiçaremos as respostas mais remotas,

De quem defronte a si examina as colheitas de uma vida,

Pesando se aquele caminho foi escrito pela caneta dos mistérios,

Das folhas escondidas que tatuam os desígnios do destino.

Por muitas vezes a garganta se fecha como portões de ferro,

E as palavras viram prisioneiras de uma alma cansada,

Mas as flores da confiança voltam a ser primavera em um olhar,

E você se rasga por inteiro, se fadigando em um esforço que ao fim transpira a paz.

A profecia do destino estava caindo sobre nós como chuva,

Lavando as agonias daqueles que se traumatizaram nas mazelas de uma escolha equivocada,

Para que os labirintos voltassem a ser mapas, e as respirações voltassem a ser brisa,

E entre os reflexos do caleidoscópio as noites que se apresentavam silenciosas se reconstruíssem em doces poesias.

Leonardo Guimarães Rosa
Enviado por Leonardo Guimarães Rosa em 02/05/2017
Código do texto: T5987910
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