CALEIDOSCÓPIO
Entre os reflexos de um caleidoscópio, nos fantasiamos de aquarela,
Para que a catatonia esteja disfarçada, visando confundir entre miragens e oásis,
Em austeras prisões que se montam feito labirintos, que ora sufocam e ora parece proteção,
Mas no anoitecer da alma as respirações se levantam feito vendavais.
As cicatrizes daqueles que adormeceram em seus infernos,
E com o último suspiro giraram a roda dos sonhos,
Para que ao suportar as noites,
Pudessem despertar em paraísos.
Ao fim, deitaremos entre os lençóis e cobiçaremos as respostas mais remotas,
De quem defronte a si examina as colheitas de uma vida,
Pesando se aquele caminho foi escrito pela caneta dos mistérios,
Das folhas escondidas que tatuam os desígnios do destino.
Por muitas vezes a garganta se fecha como portões de ferro,
E as palavras viram prisioneiras de uma alma cansada,
Mas as flores da confiança voltam a ser primavera em um olhar,
E você se rasga por inteiro, se fadigando em um esforço que ao fim transpira a paz.
A profecia do destino estava caindo sobre nós como chuva,
Lavando as agonias daqueles que se traumatizaram nas mazelas de uma escolha equivocada,
Para que os labirintos voltassem a ser mapas, e as respirações voltassem a ser brisa,
E entre os reflexos do caleidoscópio as noites que se apresentavam silenciosas se reconstruíssem em doces poesias.