Entre as margens do lago
Ainda te espero alegre do lado de cá deste lindo lago triste,
pois a vida tem compassos diferentes, e ai de nós
se todo o mundo chorasse ao mesmo tempo,
e todo veneno matasse.
Espero-te, para aquela última conversa que jamais tivemos,
quando nos amávamos.
As águas doces deste lago, não são mais assim.
Nado de uma margem à outra para te esquecer,
e cadê coragem?
Tenho ainda que te prestar conta de outros lagos
que nunca os pus diante dos teus olhos sedentos,
porque eu me amava de outro jeito.
Voltaste para me ouvir?!
Há horas em que ouço a alegria do sino triste
Que anuncia um chamamento de Fé.
Estás com a mesma roupa de sempre. Te vejo bela e má!
Onde puseste tua alma? Muda-a e a entrega a outro.
Meu coração voou e pousou noutras paragens diferentes.
Amo quem me ama, sinto o que não sentes.
Por amor a mim, findo este poema.
Hoje é domingo, dia de amar e de ouvir as lembranças,
mas de não se morrer de tristeza,
apesar de encontrar-me sozinho à mesa,
fazendo versos.
O que foi, que não volte mais!
Preciso de sedes diferentes e nova água doce.
Meu peito transporta um anjo cheio de amores,
o que no teu, morre irado, mórbidos valores,
os que jamais nos prestaram pra nada!