TRISTEZA NO ROSTO

TRISTEZA NO ROSTO - João Nunes Ventura-04/2017

Sem chuva na terra

A tristeza no rosto,

Com tanto desgosto

Sem perfume da flor,

E assim vive o filho

Na poeira do sertão,

Já sofrido o coração

De chorar a sua dor.

No choro o lamento

Falta a água no rio,

Seu olhar no desafio

Olhando a imensidão,

E na hora dos anjos

Medita e logo pensa,

Levando sua crença

Pra Deus em oração.

Agora outra estação

Já estamos em abril,

E nesse céu de anil

Espera chuva chegar,

O olhar de esperança

Se vê em seu sorriso,

Aqui é o seu paraíso

É sonhar e trabalhar.

E vem outro governo

Quem sabe é melhor

E no horizonte do sol

Todo chão pipocando,

E sem água na lagoa

O barro já é tão duro,

Que pena o seu futuro

Sofrendo e chorando.

Sem adubo a lavoura

Do plantio derradeiro,

Tudo se acaba ligeiro

Lá na sua plantação,

A dor que ele carrega

Ver-se com sol posto,

As lágrimas no rosto

Pingando em sua mão.

E o sertanejo reclama

Diz isso tudo é castigo,

Sem comida no abrigo

É apelar pra São José,

Pra ele falar com Deus

De lembrar o nordeste,

Seu povo que se veste

De oração e muita fé.

Decide assim tristonho

Com adeus da partida,

A sua mãe tão querida

Reza no terço que tem,

Vende seus pertences

O pouco do seu agrado,

Até mesmo seu roçado

Que tanto ele quer bem.

Amanhece um novo dia

E ele caminha enfadado,

Com o passo apressado

Segue o pobre penitente,

Que mundo de loucura

Da locomotiva apitando,

Passa o trem deslizando

Na estação tanta gente.

E a fábrica tão distante

Assim o tempo inteiro,

Que pena pobre roceiro

Nunca mais pode voltar,

Já não tem a esperança

E trabalha pela comida,

Estranho em outra vida

Só pensando em seu lar.

Sozinho sem ter notícia

Da sua terra que é boa,

E a saudade que povoa

O seu coração sofredor,

Que dor e que saudade

Sua casinha lá da serra,

A farinhada lá da terra

Que festança que amor.

Isolado ver outro mundo

Olhar lagrimoso coitado,

Vida triste amargurado

Sem um amigo ou irmão,

E esse Brasil que é lindo

Também é do nordestino

O trabalho é seu destino

Quer voltar para o sertão.

E sem a sua bela amada

Não olha a noite de luar,

E com seu pranto a rolar

Tamanha é a sua aflição,

Oh! Que pena esse moço

Seu peito amor encerra,

Não volta para sua terra

O seu berço seu coração.

João Nunes Ventura
Enviado por João Nunes Ventura em 18/04/2017
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