ANTERO DE QUENTAL VOLTOU *...

Ciência Ínfima

Onde o grande caminho soberano

Da ciência que abriu a nova era,

Investigando a estranha monera,

A desvendar-se no capricho insano?

Ciência que se elevou à estratosfera

E devassou o fundo do oceano,

Fomentando o principio desumano

Da ambição onde a força prolifera...

Ciência de ostentação, arma de efeito,

Longe da Luz, da Paz e do Direito,

Num caminho infeliz, sombrio e inverso;

Sob o alarde guerreiro, formidando,

Eis que a Terra te acusa, soluçando,

Como a Grande Mendiga do Universo!...

Deus

Quem, senão Deus, criou obra tamanha,

O espaço e o tempo, as amplidões das eras,

Onde agitam turbilhões de esferas,

Que a luz, a excelsa luz, aquece e banha?

Quem senão ELE fez a esfinge estranha

No segredo inviolável das moneras,

No coração dos homens e das feras,

No coração do mar e da montanha?!

Deus!... somente o Eterno, o Impenetrável,

Poderia criar o imensurável

E o Universo infinito criaria!...

Suprema paz, intérmina piedade,

E que habita na eterna claridade

Das torrentes da luz e da harmonia!

Consolai

Se pudesse, diria eternamente,

Aos flagelados e desiludidos,

Que sobre a Terra os grandes bens perdidos

São a posse da Luz resplandecente.

A dor mais rude, a mágoa mais pungente,

Os soluços, os prantos, os gemidos,

Entre as almas são louros repartidos

Muito longe da Terra impenitente.

Oh! se eu pudesse, iria em altos brados

Libertar corações escravizados

Sobe o guante de enigmas profundos!

Mas, dizei-lhes, o vós que estais na Terra,

Que a luz espiritual da dor encerra

A ventura imortal dos outros mundos!

ANTERO DE QUENTAL

“Nasceu na ilha de São Miguel, nos açores em 1842, e desencarnou por suicídio, 1891. É vulto eminente e destacado nas letras portuguesas, caracterizando-se pelo seu espírito filosófico.”

*Ele retorna e se faz presente no livro Parnaso de Além Túmulo com 17 poesias, que alias foi o primeiro livro de Francisco Cândido Xavier, em 1932, quando o médium tinha tão somente 22 anos... Com 56 poetas brasileiros e portugueses, numa prova inconteste, que a “morte” não é fim, mas tão somente o regresso a nossa pátria verdadeira, onde um dia “saímos” em buscas de novas aquisições, em que, o mundo “físico” não deixa de ser um “teste” para o nosso nível de aprendizado.

Curitiba, 15 de março de 2017 – Reflexões do Cotidiano – Saul

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Walmor Zimerman
Enviado por Walmor Zimerman em 15/03/2017
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