DESPERTAR
Ao despertar de meu sono;
preguiçoso, triste, lento;
ergui meus olhos...
A dor sufocou meu peito...
Em meio ao entulho da margem;
para marcar a minha imagem;
alguém que por mim olhara,
uma frase ali deixara:
" MORTE LENTA "
Quanta mágoa! Que tristeza!
Carrego dentro de mim.
Eu que era alegre e caudante;
hoje sou um rio errante;
meus peixes são retirantes,
quando não mortos no leito;
entulhado e quase seco:
eis o que sobrou de mim.
Corro chorando em meu leito:
Morte lenta, lenta morte.
Ainda arde em meu peito
mudar toda minha sorte:
Quero voltar a sorrir.
Quero voltar a cantar.
Quero ver os lambaris,
nas minhas águas rolar.
Quero ser bem cristalino
para o homem em mim banhar.
Oferecer alegria
àquele que vier pescar.
Não quero sentir saudades;
quero viver o presente...
Quero ver toda esta gente,
voltando os olhos para mim:
Casas de mim AFASTADAS,
as margens desentulhadas,
no leito a água a correr...
Vida voltando à minha vida:
alevinos de carás e lambaris,
cristalinas as minhas águas;
matando todas as mágoas,
que existirem em mim.