DESPERTAR

Ao despertar de meu sono;

preguiçoso, triste, lento;

ergui meus olhos...

A dor sufocou meu peito...

Em meio ao entulho da margem;

para marcar a minha imagem;

alguém que por mim olhara,

uma frase ali deixara:

" MORTE LENTA "

Quanta mágoa! Que tristeza!

Carrego dentro de mim.

Eu que era alegre e caudante;

hoje sou um rio errante;

meus peixes são retirantes,

quando não mortos no leito;

entulhado e quase seco:

eis o que sobrou de mim.

Corro chorando em meu leito:

Morte lenta, lenta morte.

Ainda arde em meu peito

mudar toda minha sorte:

Quero voltar a sorrir.

Quero voltar a cantar.

Quero ver os lambaris,

nas minhas águas rolar.

Quero ser bem cristalino

para o homem em mim banhar.

Oferecer alegria

àquele que vier pescar.

Não quero sentir saudades;

quero viver o presente...

Quero ver toda esta gente,

voltando os olhos para mim:

Casas de mim AFASTADAS,

as margens desentulhadas,

no leito a água a correr...

Vida voltando à minha vida:

alevinos de carás e lambaris,

cristalinas as minhas águas;

matando todas as mágoas,

que existirem em mim.

Nair Marques
Enviado por Nair Marques em 20/02/2017
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