O OLHAR DISTANTE DA DOCE ALMA

Amanheceu, ainda permanecia seu coração feito ilha desconhecida,

Eram tantas as correntezas que pareciam quebrar o reflexo das nuvens,

Uma doce alma, de sonhos dourados como as nuvens de ouro ao fim das tardes,

Perdido em tantos pensamentos quanto as areias da praia,

Que eram sopradas pelos ventos alternando suas dunas entre as miragens.

Entardeceu, o mar revelava ondas inconstantes que mesmo na ausência de um ritmo formavam canções,

Espumas de sal que beijavam os pés da doce alma, tornando sua pele salobra,

Contemplando um horizonte que distante permanecia imóvel,

Feito cama que aguardava o sol se deitar,

E o céu ia se revelando em degrade de quente e frio, como a razão e a emoção.

Anoiteceu, e na escuridão do azul enegrecido, as pratas apontavam como um olhar apaixonado,

E a doce alma sentada sobre a areia daquela praia olhava o distante, sonhava acordada,

Se rendendo à carícia da brisa suave que tocava feito algodão em sua pele,

Lembrando das flores que desabrocham à noite exalando esperança,

De que no ponto mais escuro da madrugada, os sonhos permanecer e aplaudem um novo amanhecer.

Leonardo Guimarães Rosa
Enviado por Leonardo Guimarães Rosa em 01/02/2017
Código do texto: T5899736
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