ECOS DE AMOR
Como folha seca carregada ao vento,
Ou um barco guiado pelas correntes,
Um preso inocente,
Em um canto do quarto,
Com os detalhes de seu coração empoeirados,
Os sonhos sem asas são frágeis,
Entre constantes quedas, tentando aprender caminhar.
Como um sonhador em terra estranha,
Onde a lei maior ensina que sonhar é pecado,
Algemado na própria liberdade,
Aprisionado na própria solidão,
Velhas lembranças enferrujadas,
Por uma chuva de verão que nunca parou,
Mas incapaz de afogar as desilusões.
Mil muros levantados,
Em uma acústica perfeita e maldita,
Que guardavam ecos de amor,
De noites longínquas,
Onde habitavam abraços e desejos,
De quando o coração ainda era perfeito,
E o sorriso livre do medo e da dor.
Como as estrelas brilham em um céu escuro,
Ainda haviam pequenas luzes, fagulhas de esperança,
De recuperar uma a uma as asas perdidas dos sonhos,
E levantar em um voo de paz,
Sacudindo a poeira de um coração,
Que mantém o anseio de amar,
Esquecendo-se de cada velha cicatriz.
E ser como a lenda dos campos onde as cores se misturam,
Como a poesia dos ventos na dança do ar,
Como o cheiro da terra seca liberada na chuva,
Como o sol que abraça a pele nas tardes de inverno,
Como o pôr do sol em uma ilha de águas claras,
Como o colibri beija a sua flor,
Como alguém que de tanto provar o amargo, reconhece do doce o valor.