Se encontrando

Altas horas da madrugada, meu pensamento está perdido na chuva que cai lá fora. Tento me achar no aconchego do meu quarto, mas ela, a chuva, me convida a continuar perdido.

Talvez seja melhor continuar assim, pois afinal, não sei se realmente quero me encontrar.

Dúvidas povoam-me a mente, devo ou não seguir assim? Confuso em pensamentos. Quero mesmo continuar perdido?

Na verdade, isso tudo é um mecanismo de defesa, me refugiar nos pensamentos, pois eles me carregam em suas caricias sentimentais, rumo ao meu desejo secreto.

Aqui, no mundo real, posso ter o que quero, mas me perdendo com os ventos, posso estar em Paris... Nos braços de um amor do passado... No mar navegando sob as tempestades aos cuidados de um olhar amado, de um abraço carinhoso, de um coração apaixonado.

Continuo a olhar além da janela, a chuva desacompanhada dos raios e trovões é tão solitária como eu, acho que somos cúmplices da mesma dor, dividimos as mesmas lágrimas. Mas mesmo assim ela continua caindo, não deixa de ser ela e eu, ao contrário, estou deixando de ser eu.

As horas se passaram e a chuva já se foi... com ela se foi também os meus delírios, as minhas indecisões. Resta-me encarar os primeiro raios do sol e os meus de lucidez.