Virada!
Ó majestosa dor, enfim foste embora.
Pulaste deste monte alto de pedras,
abraçada com indigna saudade,
sem a deixar nos meus olhos,
muito menos no coração, que, de antemão, digo-te,
de nada faz parte, mais, em tua vida.
Hoje é dia de alegria
Vou viver para reviver o novo
no estouro da boiada,
quando este ano se for.
Teus olhos me ensinaram muitas coisas,
mas tua boca quase nada: falava, falava, falava...
nada dizia que eu pudesse guardar no peito,
logo eu que tanto amei: teu coração, teus beijos e tua alma.
Resolvi, no lugar da ideias, deixar-te uma lembrança forte.
Saí de nós, quase vida, quase morte,
mas, por amor a mim, sobrevivi.
Ouça o ribombar dos festejos do outro fim,
o do Ano Novo que se vai morto
me deixando alegre, e na mão,
coragem e força para amar, intensamente,
o novo, o louco, o incerto!
Preciso amar o imprestável que prestar dentro de mim,
e só assim ser o outro: alegre e livre como um pássaro.