Ainda posso sonhar
Ainda posso sonhar
Os últimos raios de sol
sumiram por trás dos montes.
Escureceu rápido.
Músicos a posto.
A sinfonia começou:
os sapos coaxando no charco,
a coruja piando no ipê amarelo,
as batidas das asas dos morcegos,
o zumbido dos mosquitos...
O mugido de um boi
e o som continuo do fluxo das águas no córrego.
Os sons da noite, música, alegrando minha alma.
Lá fora, escuridão total.
Até agora a lua não apareceu.
Da rede onde me deitei,
tento formar figuras,
entre as estrelas
como nas brincadeiras infantis:
“ligue os números e descubra o que é”.
Acho que formei o teu retrato.
Estou feliz.
Ainda não perdi a capacidade de sonhar.