SORRISO DE VENTANIA
Era noite de lua cheia, a janela estava aberta,
O vento fresco contrastava com o seu calor sobre mim,
Com as nossas pernas entrelaçadas você me jurava amor,
Eu podia ver seu olhar iluminado pela pálida luz da lua,
Acreditei, não hesitei, me entreguei,
Mas você parecia vapor, e lentamente dissipava em meu ar,
Eu queria te fazer virar chuva e desaguar sobre mim,
Entretanto transformaste em nuvem e o vento o afastou,
Lamentei longos dias, carreguei minha cruz feita de dor,
Me vesti de rei, segurando cetro de mágoa,
A solidão se curvou perante mim, súdita a me servir.
Era dia de sol, as portas estavam abertas,
As árvores dançavam, pareciam aplaudir o criador,
Algumas nuvens começaram a desenhar o céu,
Seu contorno almofadado lembravam as telas de Camille Corot,
Larguei o cetro, libertei a súdita,
E o vento a quem tive por vilão, apresentava-se como a sabedoria,
Ele era o que levava, mas também o que trazia,
Agora eu via, as folhas verdes na árvore permaneciam,
Apenas o que ressequido estava era lambido pelo vento e afastado sem poder contestar,
E assim eu entendi, e brindei ao coração um sorriso de ventania,
Afastando os temores e pesares, abrindo as portas às oportunidades de um novo dia.