Reconcilio-me com a poesia
A vida sem poesia é algo triste.
Debalde, busco por alguma inspiração.
Hoje já não acordo mais sobressaltado,
banhado em frio suor,
por causa daqueles horríveis pesadelos.
É que as minhas doces preocupações juvenis,
uma a uma, todas já morreram.
Meus versos se tornaram insípidos.
Meu poema tornou-se mera distração.
Espírito errante que sou, sim, eu me distraio.
Displicente e descuidado, inglório e desditoso.
Condenado a vagar sem amor.
Tratando as fantasias com um ar desdenhoso.
Tu me cativaste, enfeitiçaste, mas, logo
trataste de quebrar esse maravilhoso encanto.
A minha alma tão sonhadora, deixaste naufragar.
Nossos planos se perderam no fundo de um mar.
Ora, eu bem sei,
tu partiste para nunca mais voltar.
Oh! Pungente recordação.
Desejaria não tê-la aqui a me atormentar.
Ou será que a tua lembrança vem me confortar?
Amor e nostalgia trazem-me de volta a poesia.
E com esta acabo de me reconciliar.
Olhos esmeraldinos, voltam a me inspirar.